30.3.09


Um dos desobjetos dela.
Ela ficou decepcionada quando observou que os óculos que usava deixava o céu-menos-azul..
Mas se alegrou quando olhou para o mar...
O deixava ainda mais-verde!
Ela pintara as unhas de vermelho..
Não apenas por vaidade e também por vaidade.. .
Principalmente porque gostava da cor e de tê-la perto.
Coisa que não suportava era a ausência de cores..
Era tão forte que chegava a doer nos olhos...
Mas não era mau...
Ela se perdeu no azul daquela manhã...

26.3.09

Ela dançava em segredo..
Era quase um ritual!
À noite, antes de dormir..
..a mesma música..
Certa vez ela escrevera sobre suas flutuações...

come morangos e contempla o rio: ele brilha!

toma sorvete e contempla o mar: ele verde!

come melancia e contempla o céu: ele filme!

25.3.09

E de noite se encantou com o chão de flores amarelas!
Estava sem tempo para flutuações...
Porém, quando olhou a grama cor-de-rosa embaixo da árvore que chove, não pôde resistir.
Passou alí um tempo, observando... e viu!
Parecia de mentira, parecia um cenário...
Se encantou!

23.3.09

Ela gostava de embelezar as coisas.
E por causa dessa mania via coisas que não existiam..
E acreditava...
Às vezes era ruim!
Ela dizia: é como uma mentira que você conta acreditando que é verdade!
Sentia o vento no rosto..
E por um instante quase voou...
Abriu os olhos e estava feliz!
Era engraçado...
Ela acreditava!
Ela estava cansada...
Tinha os olhos pequenos.
E o cansaço os deixava ainda menores.

22.3.09

Estava com o coração apertado.
Não sabia porque..
Queria expandir!
A plenitude..
Ela queria entrar em estado de graça!
Apreciava passear por lugares belos.
Tentava sempre ir por caminhos diferentes...
Para encontrar novas paisagens e encantar olhar!

18.3.09

Ela gostava de fabricar desobjetos:
monstros, borboletas ou arco-íris..
Observou que, apesar da chuva, o sol se fazia presente..
O que deixava as nuvens cinzentas um pouco amareladas..
Procurou, então, os arco-íris.. mas não encontrou nenhum.
E isso a decepcionou!
Diziam dela:
- tem uma risada apaixonante!
Ela acreditou..
Adora rir!

10.3.09

Ela não gostava de pensar em espaços vazios..
No possível espaço vazio deixado por pessoas queridas..
Seu coração se encolhia, ficava pequeno.
Ela sempre se apaixonava!
Por tudo aquilo que a vida pudesse lhe dar:
imagens, pessoas, momentos, gato, cachorro, vento, cor, nuvem...
Ela apreciava muito a noite, porque com o céu negro conseguia enxergar o brilho das estrelas.
E apreciava sobretudo as tardes.
Porque gostava do tom de azul do céu e das outras cores no horizonte, na hora do crepúsculo.

8.3.09

Era engraçado!
Ela tinha um horário predileto.
Entre 16:30 e 17:00.
Preferia estar na rua, porque o sol era refletido em todos os objetos da cidade.
E ela gostava de sentir.
O que ela mais desejava era um dia em que pudesse passar as horas deitada na grama, embaixo de uma árvore...
olhando para o céu.

6.3.09

Não gosta da imagem de prédios cobrindo o céu.
Ela prefere as nuvens!
Ela enxergava o verde mais do que as outras cores, principalmente naquele dia.
O verde lhe dava uma imensa sensação de amplitude!
Estava no ônibus e havia uma música em sua cabeça.
Sentia-se bem como vento batendo no rosto.
Por causa de uma leve inclinação, começou a imaginar que o ônibus dançava num doce ziguezague.
E acreditou!
Ela gostava de delirar.

5.3.09

Ela dizia:
Adoro varandas! É tudo tão bonito!
Deve ser por isso que algumas pessoas resolvem voar...
Era engraçado.
Em sua rua havia uma ponte e nela escreveram: Que sonha alto!
E toda vez que pisava nas palavras... ela sonhava!
Se sentia bem com essas interrupções em sua rotina.

4.3.09

Não negava ser de leão, admitia apenas para si mesma!
Certo dia dançava como se tivesse uma platéia. E tinha!
Dançava para si e para os outros. E nesse momento achava-se bela.
Sua platéia eram duas pessoas, apesar de estar na multidão.
Chegava até ela uma energia que tinha um misto de sensualidade e desejo..
Ela apenas sentia.
Por vezes diziam que era louca...
Era uma loucura mansa.. de afrouxamento das idéias.
Adquiriu a mania de escrever..
não sabia o porquê..
Será que estava se descobrindo?
O tempo passava e ela sentia falta de algo que a arrebatasse!
Que a levasse ao delírio, ao doce delírio..
Não podia fazer nada.. a maré era mansa..
Não podia forçar a natureza das coisas e dos acontecimentos..
Assim passava os dias..
À espera do desconhecido.
Havia monstros em sua cabeça!
Mas não eram maus. Eram brincadeiras..
coloridos e engraçados..
Vez por outra pulavam e fugiam de lá!
Estava sem tempo para o que dava valor...
Aquelas coisas que para outros são desimportantes, como criar ou olhar desobjetos.
E tinha medo que as idéias fugissem de sua cabeça. Queria "aprisioná-las", no papel ou no tecido!
Costurava... e nos últimos tempos tinha uma grande curiosidade por ilustrações..
Principalmente as lúdicas..
Olhava pelo retrovisor a imagem da avó.
Era estranho pensar o quanto a conhecia.
Tanto e tão pouco.
Ficou a imaginar o que se passava em sua cabeça..
Passou a viagem inteira divagando..
E se encantou!

Enquanto o ônibus andava, pensava em coisas sem grande importância..
Observou a tinta raspada da cadeira à sua frente e usou a unha para arrancá-la..
isso lhe dava um imenso prazer, era estranho..
Continuou assim por um bom tempo..
A essas manias dava o nome toc, embora não o fosse em verdade.
Era engraçado, porque alguns acreditavam!